Daniel Campos

Imprimir Enviar para amigo
A estrada da mulher amada

Para onde vai à estrada da mulher amada
Que caminhos percorrem
E onde vai dar essa caminhada
Se é que a estrada tem fim ou saída
Estrada real
Estrada proibida
Quantas as encruzilhadas
Com direito a pais-de-santo
No trajeto de labirintos da mulher amada.
Quantas bifurcações
Pontes e pontilhões
Trilhas e descampados
Montanhas e abismos
Furacões e abalos sísmicos
Nos passos da mulher amada.
Em alguns trechos
Há pegadas deixadas de propósito
Em outros
Deve-se guiar pelas estrelas
Ou pelos vaga-lumes
De nada adianta bússolas
Na estrada da mulher amada
Posto que ela
Assim como nos relógios
Bagunça os ponteiros
Os sentidos e as direções
E a todo o momento
Blefa ao ouvido do tempo.
São muitos os perigos
São muitos os ventos
E os sentimentos
E poucos os avisos
Ao longo da estrada
Esteja sempre pronto
A encontrar
Cavalos com asas
Cães de três cabeças
Lírios com pernas
Andando soltos
E tontos
Na estrada da mulher amada.
E são tantos os semi-deuses
E uma legião
De piratas
E aristocratas
De sonhadores
E inquisidores
De floristas
E malabaristas
À procura de qualquer vestígio
Da mulher amada.
E são tantos riachos
E são tantas paradas
E são tantos contrapassos
Ao estibordo
E bombordo
Avante à estrada enluarada
Da mulher amada.


Comentários

Nenhum comentário.


Escreva um comentário

Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.

voltar