Daniel Campos

Texto do dia

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11/08/2009 - Um dia de cão

Como um gato, preciso de sete fôlegos para enfrentar o levante do dia que se levantou com o pé esquerdo. É preciso ter garra, equilíbrio e flexibilidade, mas não é bom ficar em cima do muro. E atenção para não cometer os mesmos erros, afinal, gato escaldado tem medo de água fria. Na vida felina tudo é possível, tanto que hoje pode cair no meu prato um salmão ou uma espinha de sardinha. E se a noite todos os gatos são pardos é melhor eu ficar em casa, esperando a banda passar. Miau, meow, miaow, maw...

Mesmo domesticado, continuo selvagem. Caminho sobre as galhas das árvores, entre a delicadeza e a agressividade. E isso é fundamental para vencer os desafios do dia que late em meus ouvidos. Dia de cão. Mas nenhum dia sarnento pode abalar quem já foi cultuado como deus no Antigo Egito. Que Bastet tenha piedade de mim e de todos aqueles que, independentemente do tamanho da queda, caem em pé. Sou sensitivo, nasço em ninhada e não tenho medo da estrada.

E é bom o dia não se meter comigo, afinal, já fui símbolo de bruxaria. Ou melhor, companheiro de bruxa. É o gato um dos portais que ligam a terra ao inferno. Além do mais, dou azar. E se for mês de agosto e sexta-feira treze então, eu posso matar os mais supersticiosos com uma simples aparição. Por natureza, sou caçador e carnívoro. Pela vida, sou gatuno. De um jeito ou de outro, inspiro perigo. Que venha o dia enquanto me lambo e me lambuzo.

E que quando esse dia de cachorro passar, que venha a noite e o ronronar de minha gata.


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