16/01/2009 - Trem das montanhas
Eu quero embarcar no trem das montanhas que nascem ao fundo. Entre o verde e o azul, quero serpentear a serra sem ter hora para chegar, para voltar. Que a paisagem pouse em minha janela como pássaro que não sobrevive em gaiola. Onde é a minha estação? Onde é que eu pego esse trem? Cadê o meu bilhete? Não levo bagagem, apenas um ramalhete. E as rosas são verdes e as rosas são azuis no trem das montanhas.
Eu quero embarcar no trem das montanhas que crescem ao fundo. Que a viagem não tenha volta, e que seja de mil notas os sons e os cheiros montanhosos. Que o trem ricochetei pelas árvores e que eu seja chicoteado pela nudez de um mundo que nunca se vestiu. E que o trem dance uma dança cigana, já que minhas mãos, meus pés, meu corpo, minha mente serão lidos pelas criaturas que habitam o cerne das pedras.
Eu quero embarcar no trem das montanhas que se multiplicam ao fundo. Que as trilhas sejam virgens, que os ventos sejam pra dentro e que só haja desmoronamentos de corpos sobre corpos fluentes de desejo. Que os trilhos alcancem mil pés e que os pés tenham um só trilho, o que leva às entranhas das montanhas que nascem, crescem e se multiplicam ao fundo. Ao fundo de um olhar montanhês.
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