07/01/2009 - Sambalelê
"Samba, samba, sambalelê, Pisa na barra da saia, ô lelê". Ary Barroso se equivocou. Ao escrever os versos "Isto aqui, ô ô, é um pouquinho de Brasil iá iá, um Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz", devia ter feito "Isto aqui, ê ê, é um sambalelê". Nem bem começamos o ano e só se fala em carnaval. Os políticos, os artistas, os intelectuais, a elite está de férias. E o único som que se escuta é a cuíca roncando, anunciando o carnaval.
Não sei de onde se tirou essa idéia de que é preciso esperar o carnaval passar para colocar o país para funcionar. Talvez imaginem que Herodes esperou os blocos de Jerusalém passarem para crucificar Cristo. Será que o desenvolvimento nacional, com suas ações e seus debates, depende do requebrado das mulatas? Deixa a fome de lado, ô lelê, deixa o tráfico de lado, ô lelê , deixa a crise de lado e sambalelê de cá, sambalelê de lá.
Quem está doente e com a cabeça quebrada não é o sambalelê, mas o povo, que segue essa vida carnavalesca de pão e circo. E olha que é, a cada ano, mais circo do que pão. Como diz a música, sambalelê precisava era de umas boas lambadas. Não tem comida no prato, que legal, é carnaval. Mataram mais um inocente, filho do Juvenal, é carnaval. O dinheiro foi embora, não faz mal, é carnaval. E no carnaval a gente faz o quê? Chora? Reclama? Muda? Não! A gente sambalelê.
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