Daniel Campos

Texto do dia

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22/05/2009 - Quero o amor nu

Quero o amor nu. Desfaça-se de todos os penduricalhos do tempo. Dispa-se de todos os alhos com bugalhos do momento. Quero o amor que se esconde por debaixo das costelas, no cair das entranhas, no choro das velas que rubra as maçãs do seu rosto. Para meu gosto, quero o amor que não tem peso ou medidas - aquele das esperanças perdidas. Portanto, esqueça balanças e a dialética da moda. Quero o amor nu, sem métrica, sem poda.

Quero o amor desnudo de todo pudor. Quero o amor das sobras, das sombras, da cobra que ainda zomba do pecado da maçã. Quero o amor das covas e das manhãs. Quero a nudez amorosa dos milagres não reconhecidos pelos padres. Quero o amor nu antes que seja tarde. Retira os véus e os céus de sua face e cace o amor in natura. Não me venha com lapidações, com depurações, com destilações... Eu quero o amor nu e bruto, impoluto de prazer e sofrer.

Quero o amor ainda não gerado, não formado, não amordaçado. Permita-me escavar seu corpo em busca desse elo, flagelo de mim. Enfim, quero encontrar o amor em seu estado original, sem os arranhados das garras da vivência. Quero o amor nu de penitência, além de qualquer ciência. Quero o amor tão nu quão leve. Quero o amor que não se deve. Quero o amor no pleno estágio do sonho. Eis o amor que nos proponho.


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