Daniel Campos

Texto do dia

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19/03/2009 - Quanto vale a minha morte?

Não sei se eu pulo da ponte, do décimo terceiro andar ou se deito na linha da ferrovia esperando o próximo trem. Será que ainda passam trens por aqui? Não sei se corto os pulsos, o pescoço ou a virilha em busca da veia mais suculenta. Não sei se me jogo na frente de um caminhão, se ateio fogo em meu corpo ou se me afogo na banheira. Não sei se vou em busca de algum vírus novo, se me ofereço à loucura de algum marginal ou se contrato um matador de aluguel.

Não sei se opto por faca, bala ou descarga elétrica. Onde será que vai cair o próximo raio? Não sei se visito alguma guilhotina ou se apelo para a boa e velha forca. Se a morte for em público ou em particular, pouco importa. O que eu quero é morrer de qualquer jeito, de qualquer forma, a qualquer hora. Não sei se tomo uma overdose de remédios ou entro em uma câmera de gás letal. Não sei se me jogo à boca do dragão da inflação ou se me entrego aos rodopios do redemoinho da crise.

Não sei se morro do coração ou de amor, ou se tudo é a mesma coisa. Não sei se eu vendo minha alma ao diabo ou a entrego aos céus. Quero saber quanto eu ganho nisso tudo. Deuses e diabos: façam suas ofertas. Quanto vale a minha morte? Não sei se morro acordado ou dormindo, se morro em silêncio ou gritando, se morro gargalhando ou chorando, se morro em pé ou deitado... Não sei se morro no quarto, no mar ou nas montanhas. O importante é morrer para nascer outra vez em outro canto, em outro corpo, em outro tempo...


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