08/01/2009 - Podem gritar os profetas
Que terra santa é essa que se derrama em sangue? Será que o cordeiro tem que sangrar para sempre? E que céu da anunciação é esse, riscado em todo momento por mísseis luminosos. Será que tudo vai se acabar? Judeus e árabes deveriam se acasalar e se amar e multiplicar no milagre do pão uma raça única. Onde estão os camelos se por entre os tornozelos do dia eu só vejo tanques de guerra? Berra de dor porque dois mil anos depois a humanidade ainda erra e se encerra.
Será um canibalismo incontrolável esse desejo de se alimentar da morte alheia. Onde está Jesus? Onde está Jeová? Onde está Moisés? Já mataram todos!? E por que os tanques ainda avançam, por que os helicópteros ainda bombardeiam, por que as tropas ainda marcham? O rei dos judeus já foi para a cruz, e o que mais querem os filhos de Herodes? Chega de sangue, chega de dor, chega de destruição. Deus não tem limites, fronteiras e não cabe em uma nação.
A árabe chora e mancha o lenço na tristeza de seu tom. A judia chora e mancha o batom. E o céu que era para ser de papel crepom é um grande rabiscado. São mísseis, são bombas, são lágrimas. Nossa Senhora chora. Chora lágrimas de sangue e mel pela terra que já foi santa e hoje é tão profana quanto os fuzis que a habitam. A guerra avança pelas casas, pelas ruas, pelos templos, pelas escrituras. Podem gritar os profetas, a terra santa vai ser reduzida a pó e levada pelos ventos a outros países, continentes, planetas... E do pó se fará o barro e do barro um outro homem e de um outro homem uma outra mulher e de uma outra mulher uma nova civilização...
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