22/03/2009 - Pétalas e pedras
Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei mais tarde quando o sol arde somente em seu corpo. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei de um jeito nunca imaginado, num grito de silêncio ou no silêncio de um grito (pode escolher). Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei na distância exata que separam o espinho da flor (ou seja, quando não houver distância). Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei numa linguagem oral, corporal, diagonal, visceral, astral, conjugal, ancestral, etcetera e tal.
Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei entre as asas de um anjo. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei com o entusiasmo daquele menino que entrega o anel achado no doce. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei às multidões do seu eu. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei prestando todos os esclarecimentos devidos e necessários. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei do quanto lhe busquei pelos seus bosques.
Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei em corações de giz no matiz que pulsa em seus olhos. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei sem me preocupar com comentários, dicionários, legionários. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei em algum dos mundos que habita. Se eu lhe falar do meu amor, falar-lhe-ei em meio a pétalas e pedras (porque é isso que somos, pétalas e pedras). Pétalas falam? Pedras falam? Se eu lhe falr do meu amor, falar-las-ei.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.