Daniel Campos

Texto do dia

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29/04/2009 - Pela excomunhão dos padres pop

Nos últimos tempos, em nome de frear o crescimento de outras religiões, deflagrou-se uma onda de padres carismáticos, os chamados padres pop. Os sacerdotes começaram a aparecer na televisão, nas páginas de revista, nos palcos, nas lojas de CD e DVD. Não é à toa que dois dos expoentes dessa tendência estão entre os maiores vendedores de álbuns. Padre Marcelo Rossi e padre Fábio de Melo têm disputado a liderança do movimento e do mercado. Cada um ao seu estilo, o primeiro sempre de batina, munido de coreografias ridículas, cercado de astros e estrelas da mídia e lágrimas prontas a rolarem pela face. Já o segundo, aposta em um visual mais despojado para conquistar a juventude, aparecendo de calças justas, sobrancelhas delineadas e rosto de botox.

Em entrevista a um programa televisivo, padre Fábio, que já conta com mais de 400 comunidades no Orkut, afirmou que o importante mesmo é o ecumenismo, a convivência inter-religiosa, o famoso: "somos farinha do mesmo saco". Já padre Marcelo, dias atrás em seu programa, seguiu a mesma linha ao dizer que o padre ecumênico é maior do que o católico. Em linhas gerais, o que eles querem dizer com esse discurso barato é: "eu quero vender não importa para quem, se católico ou evangélico ou ortodoxo. Desde que comprem meu DVD está tudo bem". O programa de rádio de Marcelo não faz outra coisa senão anunciar seus álbuns, com depoimentos apelativos e informativos de preço em certas lojas. A fé, de fato, virou comércio.

Como católico, admito que a Igreja precisa de uma renovação. Mas o caminho a ser seguido, sem dúvida, não é o de sua descaracterização. Ao contrário de fãs-clubes de padres pop, que se sustentam no repertório musical dos evangélicos, a instituição milenar precisa de formas de reforçar sua identidade mariana. Se o dinheiro, o lucro e o deslumbramento não saírem da pauta dos padres o catolicismo estará condenado a ser apenas mais um tipo de arrecadação religiosa. Uma instituição que se diz tão rígida em seus princípios deveria parar de usar dois pesos e duas medidas em suas atitudes. Da mesma forma que condena a mãe que autorizou o aborto da filha vítima de estupro deveria excomungar seus padres pop.

E onde está o papa que não enxerga isso? Deve estar preocupado com as vendas de seu livro, que já se transformou em um fenômeno editorial.


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