Daniel Campos

Texto do dia

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31/05/2010 - O pingado e a mulher

A coloração da mulher amada é complexa como o prisma que filtra o leque de cores primárias, secundárias e terciárias; ampla como uma caixa de 48 lápis de cor aquarela nas mãos de um menino; e, ao mesmo tempo, simples e mágica como um pingado. Um copo de café com um pingo caudaloso de leite. A mulher amada é uma presença constante em nossa vida, seja em matéria de utopia ou realidade. É um sabor cotidiano como um bom pingado. E como o tradicional copo americano no qual é servida a bebida, não se quebra com facilidade.

Milhões de brasileiros começam o dia com o pingado assim como eu começo bebericando a mulher amada que traz em seus olhos os melhores grãos de café de um cafezal de sentimentos. É bom se deliciar com a criatura amada como aquela criança que se esbalda com o pingado servido na hora do lanche na casa da avó ou aquele peão que faz do café pingado de leite no balcão da padaria o alicerce de sua construção. Que o sorriso da criança e o suor do peão se misturem na busca pelo corpo pingado da mulher amada.

O beijo da mulher amada é fresco e cremoso como o leite que se mistura ao café num copo de pingado. Forte e doce, na medida certa, essa mulher é indispensável a minha dieta poética. O tipo de moagem ocorrida no interior da amada e a temperatura e pureza da água que corre sob sua pele é primordial para garantir o aroma e o sabor da mulher que pinga raios de luar na minha noite escura.


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