14/11/2010 - O nascimento da mulher amada
Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. (Gênesis 1,3)
A mulher amada não nasce de uma barriga, não se forma da união de óvulo e esperma, não vem ao mundo pelas mãos de um médico ou parteira. A mulher amada não nasce biologicamente como tantas outras mulheres. Ela também não nasce de campos de éter, das criações de um deus romântico, das sementeiras trazidas pela chuva. Embora ela coloque medo como bruxaria, não vem de feitiços ou bruxedos. Ela não nasce de conjunções astrais, tampouco de desejos carnais. Embora tenha um pouco de tudo isso, a nascedura da mulher amada é um alento a mais.
O mistério em torno do nascimento da mulher amada está em um sentimento. Um sentimento que talvez nem ela saiba que exista. Seria óbvio dizer que a mulher amada nasce do amor. Mas não é qualquer tipo de amor. A mulher amada nasce de um amor que está além da química, da física, da literatura. Um amor capaz de forjar para sempre sua existência enquanto mulher amada. Uma mulher que, mais do que amar e ser amada, permite-se se fazer amor. E, como dito, não um amor qualquer. Porém, um amor que não se explica, apenas sabe-se amor.
A mulher amada pode nascer aos 9, aos 15, aos 30, aos 50, aos 70 anos. Não depende de sua própria vontade, mas das conjecturas que a vida, em sua porção mais oculta, lhe propõe a viver. A mulher amada pode nascer antes, durante ou até mesmo depois de seu primeiro amor, quando nem mesmo acredita mais em milagres amorosos. Por isso que a mulher amada não depende de amores terrenos desses que aprisionam, entediam e dilaceram a coisa amada. O nascimento da mulher amada, musa da poesia, nasce quando duas balanças, a da realidade e a da fantasia, encontram o equilíbrio perfeito.
Não é à toa que a probabilidade de nascer uma mulher amada é digna de um milagre a ser celebrado e vivido intensamente. E quando se dá essa façanha pode-se ouvir o canto ou o silêncio dos anjos; tomar raios de sol, banhos de lua ou tulipas de chuva; ser primavera ou outono; estourar um beijo ou uma lágrima... O que acontece ao redor desse nascimento é apenas uma casualidade, uma coincidência, um ramo do destino. Afinal, tudo ganha papel coadjuvante diante da mulher amada vindo à luz.
Fiat Lux. Et facta est lux.
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