Daniel Campos

Texto do dia

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01/12/2010 - O mundo das batatas

Já ouviu falar do planeta dos macacos? Pois bem, agora vivemos a era do planeta das batatas. Homens e mulheres batatas que pensam e agem como tal. Homens e mulheres que saem da terra para serem amassados, cortados, descascados, lavados, fritos, assados, cozidos, enfim, consumidos como batatas. Batatas grandes ou pequenas, claras ou escuras, lisas ou cascudas, mas sempre batatas. Batatas peruanas, inglesas, francesas, mas sempre mundanas.

Humanidade tão gostosa quão gordurosa. Humanidade uniforme e maçante, como a massa das batatas. Humanidade abundante, porém pouco nutritiva. Humanidade com formato arredondado irregular. Humanidade transgênica, batatada cênica. Humanidade agrotóxica, tão agro quão tóxica. Salada de sentimentos. Purê de neurônios. Sopa de atitudes. Bolinhos de fé. Suflê de olhares. Nhoque de relações. Receitas de humanidade, homo sapiens nu e cru.

Ao vencedor, as batatas. Ao perdedor, as batatas. Porque só há batatas. Homens e mulheres pensando, amando, falando, agindo e se dando como batatas. Batatas na plantação, nas bancas, nas carrocerias do caminhão, nos porões dos navios, nos pratos e nos estômagos mansos e bravios. Batatas, somente batatas. Eis o que há. Eis o que somos. Batatas de gravata, de vestido, vestindo ouro e prata, mas batatas. Humanidade de batatas, existência de bravatas.


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