17/08/2009 - Nas tripas do mundo
Em um curto espaço de tempo o mundo se abriu, liberando as criaturas do interior. E eu posso garantir que essas criaturas, que moram nas tripas do mundo, não são nada agradáveis ou amigáveis ou amáveis. É um povo habituado a viver no sangue, no ácido, na prisão de ventre. É um povo sujo, fedorento e esquecido entre quatro paredes. São as chamadas criaturas do limbo. Um mundo à parte, situado entre o sol e marte.
São parasitas, vermes, desvalidos, degenerados, prisioneiros e fugitivos. Há de um tudo nas tripas do mundo. São verdadeiras civilizações perdidas, esquecidas, caídas. É tanta farsa. Tanta coisa proibida. É um povo acostumado a viver na escuridão, numa febre constante. É o inferno de Dante. É uma gente que vive a fugir e a caçar, a se perder e a se achar, a morrer e a matar uns aos outros, outros ao um.
Nas tripas do mundo há o grosso e o fino da sociedade, encontrando-se nas voltas do intestino. É um povo que chega diferente, mas que logo se mistura numa mesma massa. É um povo que provoca dores, que irrita o corpo do mundo, que diz feliz: "I love imundo". Pelas tripas do mundo há o que o mundo rejeita, o que não se ajeita, o restolho da colheita. Ali não há muita esperança, só um povo que dança e briga em meio a uma contradança chamada dor de barriga.
Comentários
Nenhum comentário.
Escreva um comentário
Participe de um diálogo comigo e com outros leitores. Não faça comentários que não tenham relação com este texto ou que contenha conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade. Eu me resguardo no direito de remover comentários que não respeitem isto.
Agradeço sua participação e colaboração.