24/04/2009 - Mar ia
O mar ia
Em silêncio
Pelas costas de Maria
Que dia após dia
Vivia as baixas e as cheias da maré
Da fé
Maria incompreendida
Maria não sabida
Maria julgada
Maria apedrejada
Maria
Que tudo agüentou
Maria
Que nunca desabou
E caminhou em silêncio
Enquanto
O mar ia
Em atropelos
Ignorando seus apelos
E se revirando pelos seus cabelos
Tentando arrastá-la, sugá-la, afogá-la
No pecado da fraqueza humana
Mas Maria não era Maria de fraquejar
Mas Maria não era Maria de pecar
Maria era Maria de enfrentar
Um exército de descrentes
Uma horda de serpentes
E até si mesma em nome de seu ventre
Seu ventre sagrado e santificado
Seu ventre adorado e crucificado
Seu ventre anunciado e perpetuado
Por todos os tempos e línguas
Por todos os ventos, terras e mares
E o mar ia
Pelos desertos da anunciação e do calvário
De Maria
Que magnífica em seu Maginificat
Aceitou ser serva de seu ventre
Auxiliando a mulher na tarefa de ser mais do que uma simples costela
Auxiliando a mulher no papel de ser mais do que uma simples fêmea
Auxiliando o ato de ser mãe ser transformado
em algo maior do que a lei original da procriação
Maria
Auxiliadora
Que era apenas uma mulher
Maria
Auxiliadora
Que era apenas uma nazarena
Maria
Auxiliadora
Que era apenas uma escolhida
Humilhou-se para ser elevada
Carregada pelos céus e coroada
Por um mar
De corações
Mar, mar ia
Observação do autor: Tributo a Nossa Senhora Auxiliadora, mar no qual navega o barco da minha vida.
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