24/07/2009 - Mais um round
Febre. Dor de cabeça. Cólica estomacal, intestinal, zodiacal. Corpo ruim. Zonzura. Tontura. Visão turva. Mal-estar. Falta de apetite. Ânsia de vômito e de sarar o mais rápido possível. Amarelidão. Olhos vermelhos. Calafrios. Formigamentos. E mais um monte de sintomas que me entregaram à cama em pleno dia comercial. E olha que não é fácil me derrubar. Costumo ser teimoso. Porém, a combinação entre clima seco, um universo de viroses vagando pelo ar e algumas comidinhas de rua me levaram ao chão.
No entanto, a enfermidade não é de todo negativa. Em meio às sensações desconfortáveis, desagradáveis, insuportáveis, há colheradas de sopinha na boca, preocupação redobrada da pessoa amada com seu estado físico, psicológico, emocional e uma sensação de fragilidade tamanha capaz de quebrar a couraça do cotidiano deixando pensamentos e sentimentos totalmente expostos. Seria o dia ideal para escrever poemas e mais poemas se a mão conseguisse manipular um lápis. Sendo assim, o jeito é viver a poesia de outra forma.
Tribulações à parte, o corpo se revitaliza após passar por uma espécie de curto-circuito. Confesso que tenho exigido demais dessa máquina de carne e osso. Vida de escritor, ao contrário do que parece, não é fácil. São muitas vidas em uma. Depois dos delírios e martírios da doença, o corpo, naturalmente, desintoxica-se de tanta poluição e hábitos incorretos e a alma se renova. Agora é fazer essa renovação valer a pena, em todas suas dimensões espaciais e temporais, afinal, de um modo ou de outro, a vida grita: "levanta-te para mais um round".
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