Daniel Campos

Texto do dia

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28/01/2009 - Leptospirose capital

O mês de janeiro se finda, literalmente, debaixo d`água. Ô mês molhado, ou melhor, encharcado. Chove aqui, chove ali, chove acolá. O mapa brasileiro deitou e rolou com as nuvens negras. E foi uma relação sujeita a muitos raios e trovoadas. As enchentes em São Paulo já se tornaram costumeiras. Porém, você já imaginou ver Brasília submersa? Há quem ache bom, afinal muitos políticos se afogariam na própria lama. Mas vale lembrar que a maioria dos nobres parlamentares e magistrados não está aqui em janeiro. Se estivessem, o mar de lama seria ainda maior.

Para explicar o toró, vale as teorias de que Brasília é um centro de energia mística e de que os céus estão cansados do estado de calamidade ética em que se encontra a capital da República. Não foi preciso nem retirar a decoração de Natal da Esplanada dos Ministérios. A chuva, por si só, fez o serviço. É claro que a água não invade os gabinetes do primeiro escalão, mas muitas das avenidas do centro de Brasília ficam à mercê do aguaceiro. A terra da área verde invade a pista, os carros bóiam em piscinas enlameadas ou se refugiam nos canteiros. E tudo isso acontece pertinho dos palácios e monumentos.

Niemayer queria ter sua obra exposta, mas deve ter pesadelos com a possibilidade de seu maior acervo se transformar em uma nova Atlântida. Por falar no arquiteto, vale frisar que Brasília foi planejada em mínimos detalhes. No entanto, as pranchetas urbanísticas não a livraram do aguaçal. A primeira vista, o escoamento d`água ficou em segundo plano em relação à ousadia do design. Mas há quem diga que há excesso de bueiros a ponto da espécie "rato de gravata" ter conseguido invadir a capital. Por mais que digam que a impunidade role solta, as chuvas trazem à tona o medo de uma nova leptospirose, a capital, com hemorragias corruptivas e febres descaradas. Todo cuidado é pouco.


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