16/04/2009 - Juventude sem norte, sem sul
Os bancos envernizados e enfileirados ganhavam jovens alunos de um colégio católico bem conceituado, tradicional e caro. O que os fazia trocar as carteiras pela Igreja era uma missa de ação de graças pela Páscoa. No altar, um padre, também jovem, tentava fazer aquela juventude rezar com ele. No entanto, os jovens conversavam, gritavam, brincavam, subiam nos bancos, faziam caretas transformando o local sacro em circo, ginásio, clube. Professoras e coordenadoras interrompiam o padre repreendendo as crianças, exigindo silêncio e modos.
Ora, ora, algo de errado aconteceu no processo que colocava os jovens como esperança de um mundo novo, de um futuro melhor, de avanços, principalmente, nas áreas do conhecimento. Agora, o amanhã a ser feito por eles é motivo de grande preocupação. Mesmo com toda informação, com todo acesso, com toda tecnologia ao seu favor, os jovens perderam o norte e o sul. Basta conversar dois minutos com um deles para saber as carências de conteúdo e de realidade e de objetivos que os habitam.
E não eram os jovens da periferia, da miséria, filhos da injustiça que estavam naquela celebração, mas adolescentes da classe média alta, que estudam em colégios de grife, vestem-se de shoppings, mergulham em baladas e fomentam uma cultura de desrespeito a tudo e todos numa conduta sem norte, sem sul. Os assistentes sociais tentam explicar o comportamento dos meninos pobres que roubam, matam, cometem vandalismos a partir da pobreza. Porém, como explicar esses jovens boas-pintas que ganham estudo, mesada e perspectivas?
Nelson Mandela costuma dizer que a juventude é a arma mais poderosa para se mudar o mundo. Depois dessa missa, creio que se houver tiro ele, certamente, sairá pela culatra. Para onde vãos os jovens? Para algum lugar aquém do norte ou do sul que depositamos em seus ombros... Em nome do pai, do filho e do espírito santo, que uma nova juventude seja criada, inventada, gerada...
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