19/09/2009 - Feitos de guerra
Hoje é o dia internacional da paz. Mas o que é a paz? Será que ela atualmente tem residência fixa ou arrumou as malas e partiu de vez? Será que ela, ao menos, por um dia, já existiu plenamente? Ou será que nunca passou de uma busca, de uma utopia, de uma ilusão política, social, humana? Se a paz é o contrário da guerra, intimamente estamos sempre em guerra. Em guerra com nossos pensamentos, com nossos sentimentos, com nosso organismo.
É uma guerra sobreviver. O coração guerreia, os pulmões se digladiam, os rins se esforçam para manter essa estrutura de osso, carne e pele em pé. São mitocôndrias, neurônios, membranas plasmáticas, elétrons, prótons, nêutrons e outras estruturas minúsculas brigando o tempo todo para dar conta do trabalho. No balanço de um dia de combate são milhões de células mortas. E se a própria existência humana gira em torno de guerra como alcançar a paz.
A paz é discurso. Seja discurso religioso, poético ou partidário. Um discurso para apaziguar mentes e corações cansados de guerra. Guerra por comida, por água, por dinheiro, por um teto, por prazer, por amor, por se manter vivo. Viver atacando e sob ataque constante, essa é a sina dos humanos. E para deixar essa sina mais atraente inventaram o conceito de paz, como algo que remete à tranqüilidade, ao equilíbrio, ao céu.
Isso mesmo, paz remete ao céu, a uma outra dimensão ou vida, já que sua viabilização inviabilizaria a raça humana. Afinal, os humanos são feitos de guerra.
Observação do autor: Faltam poucos dias para este site ganhar uma cara nova, com mais conteúdo e interatividade para você. Aguarde!
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