19/05/2009 - Eu queria um tempo a mais
Eu queria um dia a mais do que o permitido para falar eu te amo outra vez ao seu ouvido. Eu queria ter mais da sua boca em minha boca num dueto sublingual. Eu queria vê-la mais vezes em meus contos e ver-me outras vezes em suas contas. Eu queria, como os que catam conchinhas trazidas pelo mar, catar as notas que a brisa traz aos seus cabelos. São tantos Lá, Sol e Dó prontos para cair em seu piano, ah! queria ser eu o seu piano.
Eu queria um santo a mais para rogar por você. Eu queria uma vez mais poder fazê-la dormir em meus braços. Eu queria outra vez soprar barquinhos de papel pelos canais de seus olhos mareados. Eu queria subir, mais uma vez, às masmorras do seu coração e me observar, uma vez mais, sorrindo entre a lua nua e a sua nudez lunar. Eu queria, como colecionadores de borboletas, pregar seus beijos, ainda vivos, com pequenos alfinetes num quadro.
Eu queria fazer aquele doce que você gosta ao menos mais uma vez. Eu queria tocar os seus chakras, equacionar-lhe em báskara e sonhar a nossa chácara mais uma vez. Eu queria, por uma vez mais, ser o dom quixote de seu dia-a-dia, fidalgo e herói. Eu queria, assim como os escafandristas, encontrar uma cidade perdida para vivermos em paz, ao menos mais uma vez. Eu queria ter ao menos mais um dia antes do findar deste dia. Mas dizem as letras da lei criacionista que entre o hoje e o amanhã não há espaço para um outro tempo. Ao menos, um outro tempo pelos homens conhecido.
Então, quer me dar, por uma vez mais, a honra de uma contradança a um tempo ainda não nascido?
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