Daniel Campos

Texto do dia

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21/07/2009 - Eu já não sei

Eu não sei o que fazer. Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Carcará, pega, mata e come. Tento, mas eu não tenho forças para ir, para seguir, para prosseguir, para aderir ao movimento. Chega de lutar, armas ao chão. Chega de sorrir em vão. Na minha boca só há a língua da ilusão. O mundo está cercado. Os sonhos, de leste a oeste, foram dominados. Deus, grande deus, quando é que você vem? Espelho, espelho meu, o que é que você tem? Será que depois de tudo eu sou alguém ou ninguém?

Eu sei que preciso continuar, mas me falta propósito. Ainda não fizeram o meu depósito de sonhador. E o que me tem a propor? Ser devorado hoje, amanhã ou depois de amanhã é tudo uma devoração só. De que adianta relutar? De que vale negar o destino? Eu já não sou mais nenhum menino. Isso sem falar da vontade imensa de chorar, de se entregar, de abaixar a guarda. Á noite, toda gata é parda. E a morte não tarda. Eu quero ficar. Chega de tentar, de tentar, de tentar...

Eu sei que tenho de ir em frente, mas eu pensei que tudo seria diferente. Não foi essa a vida que planejei viver. Sofrer. Sofrer. Sofrer. Será isso uma provação sem fim. Ah! Que um anjo sentimental tenha pena de mim. Piedade. Piedade. Piedade. Escutem a voz da saudade. Saudade do tempo em que eu pensava ser algum tipo de herói, em que eu dizia amar não dói, em que eu achava que a vida era perfeita. Tudo era tão bom até que o adiantar das horas me fez essa desfeita.


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