Daniel Campos

Texto do dia

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11/09/2009 - Dentro dos seus olhos

Dentro dos seus olhos eu enxergo montanhas e vales alaranjados. Pela coloração, deve ser sempre outono em seus olhos. Ah! Por onde eu sigo? Que caminho pego? Para quem eu peço para morar dentro dos seus olhos que, na verdade, parecem dois óleos de Monet. Ah! Dentro dos seus olhos a realidade se decompõe em milhares de pontos luminosos e se compõe novamente a partir de sonhos já sonhados ou ainda a sonhar. Dentro dos seus olhos o verbo amar é tão natural quanto o amanhecer.

Dentro dos seus olhos a vida passa lentamente, num ritmo que não se sente. Lá não existe estresse, relógio ou buzina. Dentro dos seus olhos há uma revoada de passarinhos e sementes, mudas, brotos e florestas intocáveis. Dentro dos seus olhos o terreno é propício a uma leve ventania e a muitas sombras. E o que dizer das nascentes de imagens e paisagens e miragens que irrigam todo seu globo ocular em tons alaranjados.

Dentro dos seus olhos eu tenho a sensação de que estou em um imenso altar, pronto a agradecer e receber graças. Dentro dos seus olhos eu giro em círculos, alcançando céu, terra e mar em um mesmo compasso, como num globo da morte, ou melhor, da vida. Porque é vida que se vê dentro dos seus olhos, numa circunferência ininterrupta de desejos. E eu, colecionar de seus olhares, desejo cegamente morar dentro dos seus olhos alaranjados.


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