16/09/2009 - De volta pra casa
Chega de paredes se esfregando umas nas outras, chega de escadarias estreitas e tortas, chega do baticum dos vizinhos chegando aos seus ouvidos... Morar em apartamento é uma experiência rica, mas que não pode durar muito. Por isso, findado o tempo morando suspenso, coloquei novamente os pés na terra. De volta pra casa. E pra extravasar, falo de uma casa com frente, quintal e varanda. Longe do falso glamour dos apartamentos, uma casa singela do tamanho de um querer bem.
Para começar as mudanças, chega de acordar com despertadores. Agora, o meu dia começa a raiar na garganta dos galos vizinhos. Por falar em aves, as árvores do cerrado são convites ao pouso das jandaias. E, para o deleite total, do lado da janela do meu quarto há um pé de limão galego. E ramas de framboesa se espalham pela frente da casa. Há também um pinheiro típico de filme de natal, crescido numa curvatura que embaralha os olhos. E tem pé de boldo, de alecrim e espadas de São Jorge suficiente para ganhar uma guerra.
Enxadas, foices, cavadeiras fazem parte dos meus afazeres de jardinagem. Isso sem falar da vassoura e do rastelo rompendo as folhas secas. A cozinha, longe do padrão americano dos apartamentos, é ideal para a arte de bolos e pães. E há um leque de portas e portinholas para abrir e fechar e reabrir. E, mais do que isso, há água de poço. Quem diria que eu, amante do mundo caipira, iria ter direito a água de poço em plena metrópole modernista? Ah! Não posso esquecer de um céu 180º pintado de estrelas e do zumzumzum dos pernilogos.
Definitivamente, de volta pra casa.
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