31/07/2009 - Cinco anos depois
Completo hoje cinco anos de terra estranha. Embora não haja bolo, presentes ou uma banda tocando para mim, eu, usando de licença poética, congratulo-me na condição de sobrevivente. Tive de enfrentar criaturas horrendas, deste e de outros mundos. No entanto, venci. Ou melhor, tenho vencido. Uma vitória interior-exterior, a qual eu dedico a todos aqueles que não acreditaram em mim. Cinco anos em que minha vida virou pelo avesso. Cinco anos em que tudo se transformou. Cinco anos de um novo parto, de um renascimento, da renovação de um batizado.
A tendência é que se deixe para trás o sertão, que se vá buscar a sorte no sul, mais precisamente, em São Paulo. Eu fiz o caminho contrário. Aliás, eu, costumeiramente, caminho contra as direções espaciais e temporais. Coisas de sonhador. Cumprindo o script do destino, eu apeei em solo sertanejo, no qual cala o vento seco e áspero do cerrado. Em tal cenário finquei morada, desbravando o mundo e me desbravando. Confesso que foram muitas descobertas em todos os níveis de sentimento, da felicidade plena à decepção gritante.
Cortar raízes, sangrar em seiva e se permitir brotar em outro lugar, em condições completamente adversas, é uma dádiva humana. Não há como negar que o aprendizado foi, é e será gigante. Essa capacidade de se adaptar é inerente ao ser humano. Deste modo, somam-se em minhas contas matemáticas, científicas e literárias cinco anos de evolução. E não falo apenas em evolução física, mas em evolução poética, amorosa, religiosa... Cinco anos depois, resta-se saber se a estrada voltará a me chamar. Se assim o fizer, aviso, desde já, que desta vez não hei de partir sozinho.
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