Daniel Campos

Texto do dia

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30/03/2009 - Cidade ilhada

Não existe mais nada além das nossas fronteiras senão um mar de deserto e destruição. Somos os últimos habitantes do planeta. Somos o começo e o fim do espaço. Somos a última esperança. Somos uma cidade ilhada, uma cidade perdida, uma cidade-mundo. Yes, nós somos o mundo. Sou internacional demais. Sou pop sem precisar de muito esforço. Se houver dilúvio, eu posso ser Noé. Se o salvador voltar, ele pode se hospedar na minha casa. Tem um quarto sobrando. Aliás, tem um mundo sobrando aqui fora e aqui dentro de mim...

Para além das nossas fronteiras, tudo é fantasma, tudo é inexistente, tudo é um naufrágio a seco. E nós somos os náufragos ilhados em torno de nós mesmos. Os sonhos morreram, as esperanças partiram e os pensamentos já escorrem pelos cabelos. Todos querem sair daqui, mas não há para onde ir. Tudo é deserto. Tudo é incerto. Tudo é um feto não nascido. E eu não sei para onde vou. Aliás, já não sei mais quem sou. Se um herói, um símbolo da resistência ou um condenado a viver numa cidade ilhada, isolada, sem possibilidade de estrada.

E a guerra não acabou. Brigam por comida, brigam por amor, brigam por poder. Todos querem ser donos do mundo que sobrou. E o que resta é essa cidade de mentira. Um campo de concentração disfarçado. Será um reality show dos deuses? Quem vai ficar, quem vai sair? Tudo é tão pequeno, tudo é tão incógnito quão a relação entre o seno e o co-seno dos anjos. Aliás, será que ainda existem anjos?


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