17/01/2009 - Casa do jardim
É como se no nosso jardim fosse plantada uma casa. Uma pequena casa, de tijolos à vista e portas azuladas. Coisa de gente sonhadora, que não se contenta em viver em um só mundo. E pelas florações, de várias formas e tamanhos, espalha-se um colorido perfumado. Depois do chão, ramas e tramas de uma terra quente e úmida. Por mais improvável que possa parecer, nossa casa está ali, feito um formigueiro, dentro do jardim. Será de Aladim ou de Ali Babá, aquele jardim de mil e uma noites.
Seja em hastes solitárias ou em verdadeiras moitas, as flores tomam o jardim. Nem se incomodam com a nossa presença. Continuam a fotossíntese da paixão à vista de nossos olhos, por aquele jardim, onde nasceu a nossa casa, em uma primavera de tijolos, uma cadeira cor de goiaba, se equilibra em uma das vigas da varanda, pronta a balançar nossos corpos dinâmicos. Afinal, amores combinam com flores para além da rima.
Coisas do campo, flores silvestres, sons da campina por aquele jardim que tem pés de araras e galhas e batom. Talvez um novo éden crescesse pelas ruas sem que eu percebesse. Será que o asfalto, os arranha-céus, o perfume do estresse desse lugar a esse imenso jardim da noite para o dia, ou será que eu sou apenas parte da mesma semente. Semente? E se meu corpo é minha casa, será que eu nasci no jardim ou um jardim nasceu em mim?
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