22/08/2009 - Casa arrumada
Vou arrumar a casa, deixá-la bonita pra quando você chegar. Vou trazer begônias e gérberas coloridas para quebrar a brancura das paredes. Vou colocar aquele tapete de crochê que tanto gosta no corredor. Vou deixar a porta entreaberta, dependendo de um sopro apenas para abrir. Vou trocar as velas dos castiçais e tirar as roupas dos varais. Vou preparar uma massa ao sugo e deixar um vinho tinto ao tempo. Vou estender lençóis de milhares de fios em nossa cama no intuito de espantar o frio e provocar arrepios.
Vou arrumar a casa, deixá-la bonita pra quando você chegar. Vou ambientar os cômodos com Phil Collins e perfumar cada fresta com aromas cítricos. Vou comprar uvas, mangas, morangos e abusar dos sabores. Vou retirar do jornal a parte que lhe interessa, bem como trazer revistas de sua editoria, deixando-as à disposição de seus olhos. Vou me vestir com as roupas que comprou pra mim. Vou fechar as cortinas para impedir que a luz estrague tudo. Vou trazer para dentro dessas paredes um mundo ainda não sabido.
Vou arrumar a casa, deixa-la bonita pra quando você chegar. Vou pedir para os vizinhos não fazerem barulho. Vou instalar lâmpadas mais fracas, de preferência, lâmpadas negras. Vou solicitar ao espaço que ao menos três estrelas cheguem mais perto da nossa varanda. Vou implorar para as rosas se fecharem mais tarde, pois deitarão conosco. Vou colocar uma venda nos olhos da santa. Vou calar a boca dos pássaros que insistem em avisar o fim da noite. Vou providenciar o fim dos ventos. E vou tentar fazer tudo isso durar mil momentos.
Comentários
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