21/03/2009 - Caminhamentos
Sempre em frente ou em círculos, o que importa é caminhar. Os pés pulsando como cascos de cavalos em baia de jóquei clube. Caminhar com passos de pássaro. Caminhar deixando rastros por todo lugar. Caminhar para não ser esquecido, para não ser banido, para não ficar perdido no tempo. Não importa aonde nem que hora chegar, mas o ato de caminhar. Caminhar pelas estrelas que caem dos olhos de quem ama.
Caminhar entre os rios da alma e os vazios da fala que se formam entre um passo e outro. Caminhar e tentar alongar ao máximo o caminho entre o berço e a vala. Caminhar pelos peitos e costas de quem se entrega ao sentimento. Caminhar pela carne e pelo esqueleto do mundo, sendo desejo e fóssil. Caminhar pelas linhas de DNAs se descobrindo e se encontrando. E quem sabe, de um tropeço, far-se-á uma mutação genética que reinvente a vida ou a morte.
Caminhar pelos jardins do éden que existem no corpo da criatura amada. Caminhar e se imaginar caminho. Desfrute da sensação de ser pisado, de ser marcado, de ser passagem. Caminhar pelos confins do fim e pelo sacrifício do início. Caminhar de boca em boca, de língua em língua, como se fosse beijo, como se fosse vírus. Caminhar e se encaminhar em tantos caminhamentos.
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