13/08/2009 - Brigo eu, brigamos nós
Hoje eu queria não brigar. O ideal seria que todas as armas se joguem espontaneamente ao chão. Ao chão, caídas e completamente inofensivas. Que hoje, não só as mãos e a cintura, mas os olhos e as bocas apresentem-se desarmados. Que nenhuma palavra usufrua de seu poder de ferir, de magoar, de humilhar. Que os olhares também não cheguem condenando, castigando, abaixando outros olhares. Que os chicotes não chicoteiem e que as facas não cortem e que os arcos não arquem suas flechas.
É impossível não se armar nos dias de hoje, colocando a vida entre os dentes. É impossível não passar um pouco de pólvora nas frases ditas, deixando-as levemente malditas. É impossível não voltar para casa com pelo menos um sonho extirpado. É impossível não ter medo de algo e não fazer alguém ter alguma espécie de temor por você. É impossível não cair em trincheira ou não engatilhar uma cartucheira. É impossível não atacar ou, ao menos, responder a um ataque à altura.
A vida, por sua própria natureza de disputa e conquista, pede uma briga. Aliás, a vida contemporânea, assim como a moderna, a medieval e a clássica, necessita de um boa briga. A discussão tempera o relacionamento e o enfrentamento do dia a dia. Pode ser inútil, mas um bate-boca é sempre bem-vindo para a quebra da rotina. De fato, hoje eu queria não brigar. Mas, pelo visto, não vou resistir. Afinal, de nada vale tanto querer quando se esbarra na falta de poder.
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