21/04/2009 - Brasília para sempre jovem
Cidade em cruz, cidade viajante nas asas sul e norte, cidade avião, cidade nascida de sonho e profecia. Cidade imaginária, de ruas e eixos e quadras e prédios imaginários. Cidade de um povo imaginário que se concretiza sob seu céu-mar. Cidade que desafia as constelações a prenderem no pano escuro da noite todas suas estrelas. Cidade sem limites, livre e burocratizada demais. Cidade de todos e de tantos donos. Cidade aberta e com tantos muros de berlim, berço da democracia, leito da desigualdade.
Cidade dos poderes, da política, das repartições públicas, dos palácios, das tribunas. Cidade das árvores retorcidas e das flores brancas, amarelas e rosas dos ipês que andam na contramão do tempo. Cidade de um lago que para no ar. Cidade metropolitana de pássaros e crianças empinando papagaios. Cidade verde, cinza e azul, multicolorida de sotaques e temperos mil. Cidade do choro e do rock, da solidão que se agiganta, de milhares e milhares de janelas. Cidade vaidosa, de prédios de espelhos e espelhos d`água.
Cidade gerada, parida, nascida, invadida em traços e conceitos pós-modernos. Cidade do futuro que se apaixonou pelo pior dos passados. Cidade do pôr-do-sol, dos veleiros, de uma catedral feita de trigo. Cidade estação, de encontros e desencontros, chegadas e partidas. Cidade horizontal, transcendental, tão artificial quão natural. Cidade notícia, obra inacabada, feminina e ferina. Cidade do duelo entre o novo e o velho, entre o retrô e a vanguarda, entre as marcas de expressão e o desejo inexorável de ser jovem. Para sempre jovem.
Observação do autor: Homenagem aos 49 anos de Brasília, completados hoje.
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