30/07/2009 - Bilhete de Quintana
Se a morte não tivesse feito seu trabalho, Mario Quintana, o poeta da simplicidade, estaria completando 103 anos exatamente hoje, 30 de julho, neste 2009 que lamentamos 15 anos de sua morte. É indiscutível a minha preferência por Vinicius de Moraes, no entanto, aprecio uma das principais lições de Quintana - a poesia sem adereços, simples como a vida que gostava de levar e registrar no papel. E eu tenho uma grande semelhança com o poeta gaúcho: sentir necessidade de escrever.
Não escrevo por capricho ou porque acho bonito. Escrevo porque preciso. Há um mundo de pensamentos e sentimentos gritando dentro de mim. Faz-se necessário que eu coloque um pouco deste mundo no papel por pura sobrevivência. Assim como Quintana, se a crítica vai ou não gostar do que escrevo é algo secundário. O que importa é que eu escreva. Não me preocupo se vão me carregar nos ombros ou me jogar na cova rasa do esquecimento. Preocupo-me apenas em viver, escrever e amar intensamente.
Mário Quintana deve ter pensado da mesma forma, afinal, não foi escolhido para integrar a Academia Brasileira de Letras. Ele era simples demais para tanta frescura. Quintana dizia que "não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação?. E estava totalmente certo. A maioria desses pseudo-intelecutais vivem de dissecar a poesia alheia em busca de respostas para suas angústias e frustrações. No entanto, a poesia não precisa ser dissecada para cumprir o seu papel.
Por essas e outras lições, passei a admirar Quintana. Posto abaixo, em uma espécie de tributo, um de seus poemas, na verdade, um de seus bilhetes para a humanidade...
"Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda"...
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