10/01/2009 - Amor em champanhe
Não há hora para beber champanhe. Para quem brindou na virada do ano, sinto informar, mas os brindes já passaram. E certos brindes têm data de validade. Se não há casamento, inauguração de barco, camarote de show... por que razão tomar champanhe? Se não há piscina turmalina, noite de núpcias ou de confirmação dos votos de amor por que razão tomar champanhe? Por que ir ao encontro daquelas borbulhas que roçam e se enroscam na garganta querendo estourar um cântico novo? Será um canto de amor? Champanhe, champanhe, champanhe...
Eu até agora não sei a resposta exata, se é física ou química, só sei que eu bebo champanhe a toda hora, em todo lugar, em toda ocasião. É que os lábios da minha francesa borbulham docemente, causando reações, metabolismos e literaturas por todo o corpo. O beijo é o estouro, o brinde, o doce e o que afasta da vida o agouro. Champanhe ao sol e às estrelas, aos cactos e às tempestades, no suor e no tremer dos corações. O corpo da criatura amada é uma taça que canta e se alevanta. E eu mergulho nessa taça de corpo inteiro, inebriando e embriagando minha alma.
Amar em champanhe é amar sem regras ou convenções. Amar em champanhe é desobedecer a ordem da vida, posto que se nasce mais de uma vez e a morte é apenas o estourar de uma borbulha. Mas o corpo da mulher amada é uma fonte de borbulhas e fagulhas. E eu amo em champanhe, com toda delicadeza, com toda nobreza, com todo beleza que há nesta fermentação sobre-humana. Ah! Que os sonhos, ritos e mistérios do champanhar povoem meu cotidiano nesse amor em champanhe.
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