Daniel Campos

Texto do dia

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07/10/2009 - Amor a la Honduras

Que tal nós nos refugiarmos em um território inviolável. Do lado de fora, cães e fuzis. Do lado de dentro, somente nossas bocas se buscando e se encontrando e se redesenhando. Se nosso abrigo for uma embaixada estrangeira, nossas línguas terão uma nova maneira de se tocar. Agora, se a opção for por uma embaixada que fale português, vamos viver o amor de Pessoa, de Drummond, de Vinícius. Jogue a chave fora e vamos fazer dessa embaixada a porta de entrada oficial para o nosso mundo. O revolucionário pede bis e eu me torno seu embaixador ò embaixatriz.

Ali dentro seremos reis, presidentes, comandantes, democratas, republicanos ou ditadores. Poderemos ser qualquer coisa naquele território de amor e amores. Não importa o que digam os outros países. Ali, dentro daquelas quatro paredes, seremos felizes. Obedeceremos as nossas leis, as nossas regras, aos nossos costumes. Os outros terão de esperar, de se conformar, de aceitar a nossa presença. Ninguém poderá nos machucar, nos matar, nos separar quando internados ali, num amor embaixador. Sob pedras e escudos, amar-nos-emos.

Teremos o apoio dos que lutam pelo amor total, dos apaixonados de mil nacionalidades. Eu colocarei meu chapéu de caubói e a levarei ao centro das Américas. De loucura em loucura, amá-la-ei a la Honduras. Viveremos um amor sitiado. Viveremos nos pondo e nos depondo, num amor posto, deposto e sobreposto. Não nos importaremos com comida, telefone, descanso, banho e roupas limpas. Vamos nos amar como Zelaya e Micheletti, numa nova versão para o amor das famílias Capuleto e Montecchio.


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