09/09/2014 - Amor a ferro e fogo
Eu preciso aprender, a cada dia ou noite, a ser um pouco mais do que eu não quero ser. Tenho de me controlar para não fazer o que eu tenho vontade. Ah! E são tantas vontades. Sou obrigado a abrir mão das minhas asas para rastejar por um sonho que me virou as costas. Por algum desses mistérios do amor transformo migalhas em banquetes. Por amor, e somente por amor, pela grandeza desse sentimento, não tenho vergonha ou receio de me sacrificar. Assumo que parei no tempo. Sou como uma mensagem de socorro boiando no mar alto dentro de uma garrafa ou um coração de lata que se desprendeu de um foguete e hoje navega sem rumo e perdido pela galáxia. Vivo me acostumando a ser sozinho, a me perder de quem amo, a me alimentar de sobras de um coração. Eu que não tenho medo fui me apaixonar por quem não tem coragem. Eu que me realizo caminhando nas nuvens fui me apaixonar por quem precisa sentir o chão grudado na sola de seus pés. Eu que por amor sou capaz de deixar tudo para trás fui me apaixonar por quem só consegue me deixar. Eu que tenho espírito afoito e impulsivo, vejo-me cada dia mais preso ao mesmo do mesmo do mesmo. Vivo de ilusão, de fantasia, de imaginação, de poesia, de abstração... Vou estocando tanta coisa em mim que mais dia menos dia será inevitável o meu transbordamento. Brigo, e brigo muito comigo mesmo para eu ter motivos para levantar da cama todos os dias. Brigo para viver porque viver é motivo, motivação, movimentação. Como é difícil ao vento aceitar moldes e limites. Ai, que desejo de ser vendaval, de fazer tempestade, de libertar o furacão que sou. Estou todo podado, limitado, atrofiado. Como é difícil abortar esperanças... Desabafo com as estrelas, choro com uma boa música, soluço nos braços do tempo colocando pra fora de um jeito ou de outro que o meu amor não pode ser em vão. Recorro aos papeis e me faço palavras vivas que doem como se fossem de carne.
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