Daniel Campos

Texto do dia

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14/07/2009 - A sobrinha de Darcy

"Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca".

Da mais incisiva das formas, os olhos de Marilene me alvejaram com essa frase. É nesses momentos em que eu tenho absoluta certeza de que me casei com a sobrinha de Darcy Ribeiro. Pela silhueta de Marilene, corre um pouco do sangue do antropólogo, escritor e político que morreu defendendo os índios e a educação. Basta um beijo para sentir magias e lendas indígenas. Basta observá-la para saber sua educação afrancesada. Em seu corpo e em seus pensamentos encontra-se uma nova civilização, construída a partir de uma comunhão de raças e culturas.

Assim como seu tio, os trabalhos de Marilene têm impacto mundial. Ao menos, abalam todos os meus mundos. Se Darcy sempre esteve próximo do poder, Marilene é o próprio poder. Se ele foi transformado em imortal pela Academia Brasileira de Letras, ela foi imortalizada em meus versos. Juntos, nos exilamos. Juntos, mantemos vivos nossos sonhos. Juntos, temos asas abertas. Sem dúvida, o maior legado que Darcy tenha lhe deixado foi a reinvenção da humanidade.

Marilene é de uma sensibilidade humana tamanha ao ponto de me causar espanto. Difícil o dia em que não me surpreendo com ela. À primeira vista, uma criatura frágil. Nas visões posteriores, traços fortes de grandes pensadores latinos, como Simon Bolívar e José Martí. Definitivamente, ela fala a língua de Darcy Ribeiro. Se enredasse pelo mundo da política como seu tio certamente teria o meu voto. Em feitio do antropólogo, Marilene acredita que temos de inventar o humano, com propriedades diferentes. Seres humanos mais solidários e fraternos.

E para se chegar ao resultado dessa invenção ou nos resignamos ou nos indignamos.


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