17/04/2009 - A F1 já terminou
Tecendo o assunto das últimas semanas, leigos e especialistas em Fórmula1 festejam um começo de temporada surpreendente, com zebras, ultrapassagens e cartolagens. No entanto, com a autoridade de quem acompanha esse circo há mais de vinte anos, digo que a F1 já terminou há muito tempo. O que se vê nos autódromos ou pela televisão é uma outra coisa, puramente comercial, feita e desfeita para agradar os patrocinadores, os apadrinhados dos cartolas e a audiência lucrativa da Europa.
Antes de ser taxado de sennista, destaco que a F1 morreu antes de Ayrton, mais precisamente, na virada dos anos 80 para os 90. Ao menos, a categoria romântica. É claro que o dinheiro sempre foi pano de fundo desse circo milionário e seleto, mas hoje não há outra coisa senão as cifras. Embora piloto, Senna foi apenas passageiro de milhões e milhões de dólares. Falo de Ayrton porque ele viveu essa transição e foi assassinado para garantir a morte do romantismo dessa categoria.
A saída do poderoso Ron Dennis depois de 28 anos no comando da Mclaren é a prova mais evidente de que a festa já acabou. Não se engane: a ascensão de uma equipe recém-criada (Braw GP) e de Barrichello não significa outra coisa senão manobra dos cartolas. A operação que transformou a Williams campeã com Mansell e Prost em 1992 e 1993 em um carro inguiável por Senna em 1994 se repete. Para tirar o favoritismo de Hamilton e Massa, donos do campeonato do ano passado, os donos do capital reviram o regulamento de ponta-cabeça para mudar seus beneficiários.
Resta saber se, 15 anos depois, vão precisar matar mais alguém para cumprir seus objetivos.
Observação do autor: Em breve, neste site, "Conspiração Tamburello", um romance investigativo sobre a morte de Ayrton Senna.
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