28/08/2009 - A cidade, a praça, a igreja, o sino, a escadaria...
Eu queria morar em uma cidade que tivesse uma praça no centro. E que nessa praça houvesse uma igreja. E que nessa igreja badalasse um sino. E que esse sino entoasse uma música diferente do que este tic-tac dos relógios que me acompanham. Ou melhor, eu queria que os sinos falassem. Aliás, eu queria que os sinos se dobrassem toda vez que um eu te amo fosse dito, redito, bendito. Ah! E que essa igreja tivesse uma longa escadaria para fins de fazer e pagar promessa, além de servir de repouso para os enamorados de fim de tarde. Ah! Como é bom namorar vendo o sol cair por detrás das árvores, detrás do mundo.
E que essa igreja, além do sino e das escadarias, abrigasse um padre bem velhinho, daqueles que sabem falar o amor como ninguém. E que esse padre andasse de batina preta pelos bancos e palmeiras da praça abençoando os casais. Ah! E que o piso dessa igreja fosse coberto por um longo e espesso tapete vermelho, igual nos sonhos das meninas, crescidas ou não. Um tapete pela qual passaria lentamente um vestido de noiva ao som da marcha nupcial. E que nos dias que não houvesse casamento esse tapete pudesse ser pisado por aqueles que são tementes a Deus e a Virgem Maria.
Lustres. É essencial que essa igreja seja iluminada por lustres românticos. E que durante missas noturnas, a namorada possa repousar sua cabeça no ombro de seu par enquanto escuta a homilia e observa as luzes. Também é preciso que existam confessionários para se confessar as loucuras de um amor sem limites. E que a cruz seja bem grande para espantar os maus-espíritos. A igreja também poderia ter uma torre, bem alta, para que se pudesse bisbilhotar por debaixo das nuvens e descobrir o sexo dos anjos ou, simplesmente, colocar a praça toda dentro dos olhos para não a esquecer nunca mais, nem mesmo quando sinos, escadarias, tapetes, padres, bancos, palmeiras deixarem de existir...
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