16/02/2009 - A arte de controlar o tempo
A cada início de ano sou cercado de novas agendas. Seja nas mais sérias ou divertidas, os dias estão sequencialmente da mesma forma, esperando por minhas supostas anotações. As primeiras datas até são assinaladas com alguns compromissos, mas na maioria dos meses, minhas agendas são vazias. Ou melhor, elas são usadas como cadernos comuns. O objetivo inicial é perdido rapidamente.
Eu não consigo organizar meu tempo. Aliás, na verdade, eu não gosto da organização do tempo. Gosto da atemporalidade. Essa coisa de engessar o dia de hoje, de amanhã e da semana que vem com uma rotina previsível é, no mínimo, tedioso. Há quem siga o caminho contrário e agende, até mesmo, o próximo beijo. Afinal, existe sempre o risco da agenda se tornar uma camisa-de-força. E eu odeio me sentir preso ao tempo. Prefiro, muito mais, ser uma folha que se revira ao vento do que um maranhão que voa preso a uma linha.
Eu acredito que controlar o tempo é uma arte. Uma arte difícil de encontrar um equilíbrio entre a ditadura e a anarquia. Norte-americanos e chineses já tentaram, mas ninguém ainda me convenceu do melhor modelo de se controlar os dias. Nas minhas agendas, poesias, receitas de bolo, desenhos tão tortos quão minha linha cronológica. Como disse Vinicius, eu morro ontem e nasço amanhã.
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