Daniel Campos

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23/02/2016 - Vida e morte de galo

O galo despertou. O galo anunciou: são seis horas da manhã. O galo o meu coração disparou. O galo cantou e eu não sei se é ontem ou amanhã. O galo não perdoa. O galo me tira do sonho como quem tira doce de criança. O galo me acorda à toa, pois continuo sonhando com os olhos abertos. O galo por mais longe está sempre perto. O galo empoleira na minha cabeça. O galo cocorica e não há quem do cocoricó esqueça. O galo, sem corda, sem pilha, sem bateria, escandalizou outro dia. O galo espora a noite, bica a madrugada e do nada decreta o fim da fantasia. O galo é a voz da realidade nos chamando à vida. O galo, sem ter asas para voar, prefere escravizar a saudade na lida. O galo anunciou que o amanhã chegou no hoje que já vai ficando para trás. O galo esperneou pintado de guerra. O galo acabou com a paz. O galo inflou e tombou pela terra. A galinha veio e ciscou e nesse ciscar o galo enterra.


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