Daniel Campos

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Viagem ao espaço

Depois de um longo tempo sem emprego, foi contratada para fazer propaganda de uma multinacional. Quando pegou o imenso balão vermelho em suas mãos, pegou também uma dezena de sonhos e sabores que andavam caídos dentro de si. Sonhos de quando queria ir às estrelas, completar a volta ao mundo em um balão, testemunhar o sol mais de perto, sentir seu calor, seu suor.

Mas seu corpo, pelo regime de tantas ilusões, não conseguia suportar tanta força. E tantas vontades aliavam-se a um vento forte para arrastá-la para os céus. Os pés chegavam a derrapar no gramado ao lado da avenida onde tinha que ficar segurando a propaganda com um nome em inglês.

Ela queria resistir, mas não conseguia. A tensão estava demais. Mesmo com a corda amarrada na cintura, ela tirava os pés do chão. Sentia-se numa falta de gravidade e sua cabeça ia para além da lua. Precisava do emprego, mas também precisava de seus sonhos inflados. E seria obrigada a escolher entre um e outro.

Ao contrário do gás hélio, era as paixões da mulher que enchiam aquele balão e o faziam mergulhar no ar.

De repente, fecha os olhos e voa. Quem estava em volta, olhou assustado. Alguns ainda tentaram correr para segura-la, mas não deu tempo. A vontade de ir aos céus era demais. Ela abriu os olhos e o mundo estava aos seus pés. Como há muito tempo, ela sorriu.


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