Daniel Campos

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29/07/2008 - Uma fila chamada Brasil

Fila de banco, além de estresse, é uma oportunidade indigesta de aprendizado. É uma vitrine social. Afinal, entra e sai gente de todas as cores, credos, classes sociais, idades, sexos, ideologias. Muito bem. Estou eu em uma longa fila de um banco privado a observar a falta de civilidade de uma pátria que adotou o "jeitinho" como opção de vida. Brasileiro quer se dar bem e isso é fato. Depois a gente não sabe a razão de o país ser miserável e corrupto. Os grandes pilantras nasceram de uma sucessão de pequenos maus-hábitos.

Na fila que deveria ser exclusiva para portadores de deficiência, idosos e gestantes... eis os espertalhões. É idoso que não é idoso, é grávida que não é grávida, é deficiente que não é deficiente. Tem cada ator que os olheiros da rede Globo deveriam fazer plantão por ali. O que aparece de homem e mulher segurando criança de colo que já deixou de ser criança de colo há muito tempo não é brincadeira. É de se indignar. Aliás, é de ficar louco da vida. E assim é a fila do INSS, dos hospitais, dos supermercados, das agências de emprego, da justiça... o Brasil pode ser considerado uma grande fila.

No entanto, o pior de tudo isso é ver que ninguém reclama. A desonestidade virou banal, normal, cotidiana. Na verdade, corre solta por debaixo de nossos narizes. O vigia do banco não fala nada. O gerente não dá as caras. O moço do atendimento abre um sorriso de propaganda de creme dental e ignora. E o pessoal da fila se conforma enquanto articula um jeitinho de se dar bem também. Eu vou reclamar e sou crucificado como um revolucionário extremista. A verdade é que o brasileiro é tão corrupto e omisso quanto seus governantes. E isso está longe de ter conserto.


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