Daniel Campos

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07/02/2011 - Um território chamado mulher amada

Abençoada por temperaturas agradáveis e cercada por belezas exuberantes, a mulher amada é o destino preferido de caçadores de paraíso e de poetas mochileiros, que sonham em mergulhar em suas trilhas e relevos. Tranqüila e vibrante, assim é essa mulher que está localizada ao norte do imaginário popular. Ao decorrer de seu corpo, relicários e objetos sagrados, templos e estrelas cadentes. Tem aspecto único, com linhas marcantes, românticas e intensas. Percorrer o perímetro da mulher amada é uma tarefa tanto poética quanto árdua, em razão dos muitos obstáculos e perigos que a compõem.

Em certo ponto da caminhada é possível encontrar estudantes universitários e velhos acadêmicos discutindo a existência da mulher amada, suas origens e conseqüências. Mais à frente há uma legião de apaixonados vivendo, cada qual a sua maneira, esse amor impossível e irremediável. Há quem se embriague tomando jarros de cerveja, taças de vinho e copos de uísque no intuito de redimensionar a ilusão e a frustração entre o querer e o ter. Há quem coma frutos afrodisíacos, entre em transe ao som de rock, fume charutos e até viaje em outras drogas na tentativa de chegar mais perto da essência da mulher amada.

Há quem se aventure por algumas horas, dias e até semanas no complexo da mulher amada e, até mesmo, quem fixe moradia em alguma de suas linhas minimalistas. Há monges em sandálias mendigando amor, fiéis clamando por deuses e xiitas se suicidando em prol de um amor não correspondido. Artistas vão até ela em busca de inspiração e os mortais, de prazer imediato ou duradouro. Eclética, a mulher amada abriga em seu território escarpado um leque de apaixonados famosos e anônimos. Ao longo de suas fronteiras, somos todos estrangeiros e ilegais.


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