Daniel Campos

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08/05/2010 - Tempo bandido

Ai, meu amor, vamos embora, vamos, deixa para trás toda essa coisa que chora. Vamos, vamos meu amor, sair da cidade, ganhar estrada, inventar uma nova velha inédita realidade para nossas vidas. Vamos, não perca tempo com despedidas. Afinal, cada dia é uma eterna despedida de nós mesmos e de tudo o que nos cerca. Tudo que nasceu um dia agora está morrendo. Por isso, vamos, vamos, meu amor, temos pressa. Não meça as conseqüências, vamos além da inocência. Para cada rosa morta nasce um espinho no caule da flor. Cada uva caída ao chão alimenta uma nova taça de vinho. Marcas e sabores que não se esquecem facilmente.

Vamos, meu amor, vamos ganhar mundo. Há tantos sonhos fecundos pedindo espaço dentro de nós. Para que sufocar, guardar, prender nossos brotos? Não se esqueça que um exército formado por ceifadores anda ao nosso encalço, alimentando-se das sobras, dos restos, das vidas que deixamos pelo caminho. Vamos, meu amor, viver ao máximo cada momento. A fonte da juventude somos nós, nosso relacionamento, nosso compromisso, nosso sentimento. Sem pensar duas vezes, vamos sugar tudo o que podemos um do outro. Chega de pensar em pudores e em cumprir limites. O nosso amor está aí e ninguém tem o direito de dar palpite.

Não dá para ficar parado esperando milagres ou outros acontecimentos vindos de terceiros. Deus não nos deus asas para termos o livre arbítrio de caminhar entre o céu e o inferno. E é isso o que nos faz intensos. Vamos queimar nossos corações como se queimam incensos por aí para alcançar o divino que há nisso tudo. Vamos caminhar juntos no conjunto de nossas fantasias. Eu e você forjados numa mesma letra de poesia. A saudade vai existir independentemente da nossa vontade. Entre palavras e beijos, entre atos e fatos do desejo, nasça em mim enquanto faço nascer em você um tempo ainda não vivido. Tempo bandido.


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