Daniel Campos

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05/12/2012 - Tempo ateu

Quem falou que o amor não pode ser para sempre jamais amou alguém como eu lhe amo. O amor não tem duração, não tem extensão, não tem dimensão definida. Amor é para fugir do alcance, para se perder da vista, para romper fronteiras físicas ou mentais. Amor é para desafiar a eternidade, para fugir do óbvio que há na relação do princípio ao fim, para contrariar os relógios. Amor é para ir mais longe sempre, mesmo quando isso é impossível. Amor é o que há depois do verossímil. Amor é quando a realidade dobra os joelhos diante da ficção sem fazer cara feia. Amor sem amarras, sem algemas, sem nós. Amor é quando o tempo deixa de existir sob os lençóis.

O amor não pode ser contado, mensurado, numerado. O amor não pode ser escravizado ou torturado por qualquer capataz do tempo. O amor tem que correr solto. O amor, como papagaio, tem que ter linha suficiente para voar alto. O amor não pode se acovardar diante de riscos ou ameaças. O amor não pode vestir uma camisa de força, loucuras são bem-vindas. O amor tem que estar além da seriedade, tanto que algumas arruaças em nome desse amor são permitidas. O amor precisa de doses cavalares de liberdade. O amor precisa de ar, de água, de terra, de fogo, portanto, nada de condenar o amor à clausura de um momento.

O amor não pode caber nisso ou naquilo. O amor tem que extravasar sempre, seja no espaço ou no tempo. O amor tem que ser maior do que tudo e do que todos. O amor não roda nos ponteiros do relógio. O amor não se põe com o sol, não desaparece com a lua. O amor não segue horário de inverno ou de verão. O amor não se rende a essa ou aquela estação. O amor não se enquadra nas previsões de passado, presente e futuro. O amor não é religião, ciência, filosofia, sendo pedra ou flor o amor é constantemente poesia. Quem falou que o amor não pode ganhar a eternidade nunca viveu, como eu, a fantasia de um tempo ateu.


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