Daniel Campos

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23/09/2011 - Sommelier

Num dia eu escondo segredos, noutro eu os sirvo numa taça. De manhã, finjo para agradar. Na hora do almoço, me calo sobre todo e qualquer pecado. À noite, falo verdades demais. Sou uma espécie de sommelier das palavras. Sou crítico e não aceito críticas nem de deuses nem de mortais. Tenho universidades, pés que já amassaram muitas uvas e os mistérios da arte da sinceridade. Olhe-me nos olhos e tente me decifrar.

Eu indico poetas e romancistas, cronistas, contistas e cantores de poesia. Conheço-os a fundo. Vivo com eles dentro e fora de mim. Confie em minhas sugestões sem medo de se aventurar por textos de amores profundos e mundos de solidões. Ou não confie e fuja com muitos passos das minhas páginas como quem foge de outros braços. Sou um sommelier querendo lhe fazer provar o meu eu literário, a minha era de aquário...

Eu sugiro um livro como quem sugere uma garrafa. Não insisto. Apenas provoco com aromas e gostos e rótulos. Conheço a carta completa dos escritores. Já bebi os italianos, os portugueses, os russos, os espanhóis. Já bebi leituras secas e suaves, tintas e brancas, de luxo e de botequim. Posso lhe envolver com termos técnicos ou dizer tudo em silêncio. Se preferir, degusto com a sua boca.


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