Daniel Campos

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05/02/2012 - Solitários

Em todo lugar há um solitário uivando à lua com autoestima de vira-lata. Em todo lugar há um solitário acompanhado de uma taça, de um copo, de um cálice. Em todo lugar há um solitário se sentindo uma ilha em alto mar. Em todo lugar há um solitário conversando em voz alta com seus pensamentos. Em todo lugar há um solitário revirando lembranças em busca de companhia. Em todo lugar há um solitário caminhando numa estrada de mão única. Em todo lugar há um solitário com um coração partido.

Em todo lugar há um solitário mentindo para si mesmo. Em todo lugar há um solitário se sentindo culpado por sua solidão. Em todo lugar há um solitário que pede, reza, implora por um amor. Em todo lugar há um solitário querendo dividir sua solidão com outro solitário. Em todo lugar há um solitário procurando defeitos e qualidades no espelho. Em todo lugar há um solitário sentindo inveja daqueles que passam de mãos dadas. Em todo lugar há um solitário com medo do escuro. Em todo lugar há um solitário que chora e diz que não chora.

Em todo lugar há um solitário cantando para dentro. Em todo lugar há um solitário gritando seu próprio nome. Em todo lugar há um solitário tentando preencher todo espaço vazio da cama. Em todo lugar há um solitário que não consegue se olhar nos olhos. Em todo lugar há um solitário correndo da velhice, dos relógios e de todos os assuntos temporais. Em todo lugar há um solitário em alguma fase de crise existencial. Em todo lugar há um solitário que não admite seu estado civil. Em todo lugar há um solitário entre uma rosa e um fuzil.


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