Daniel Campos

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02/06/2011 - Sol de outono

O sol de outono desce numa mistura de luz e sombra, de calor e frio, de seca e chuva. Um sol mesclado como aquela casquinha mista de chocolate e baunilha. Um sol de saudade, de ausência, de um tempo que ficou. Um sol de desejo, que provoca um ardor de dentro pra fora. Um sol que, tão velho quanto o mundo, permanece soberano e invejado por muitos astros e estrelas. Isso porque ele se alimenta do fogo das paixões humanas. E no outono, essas paixões, entre o calor e inverno, vivem um tempo de transição de formas e frequências. Por isso o sol de outono oscila, chegando a piscar como um vagalume.

É um sol de eclipse, capaz de separar e de unir, com a mesma intensidade. No outono, o sol, sempre pontual, chega a se atrasar tanto para entrar quanto para sair de cena. Sol de cinema. É como se vivêssemos nesses dias outonais um tempo diferente do que estamos acostumados. É um sol camuflado, que muda de cor feito camaleão. É um sol que dobra a rua e se perde nas xícaras sobre as mesas de um café. É um sol capaz de congelar e de aquecer ao mesmo tempo. É um sol que, num momento, se deixa dominar pelos ventos e por seus efeitos psicológicos. É um sol que arrepia frio e barbariza a chama de quem ama.


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