Daniel Campos

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07/09/2012 - Só não estou

Larguei o tempo pra lá. Fiquei nu de ponteiros. Não tenho hora. Não tenho bússola interior. Ando sem rumo sabendo para onde vou. Eu sou, mas não estou. Não. Não estou para a dor. Não estou para a despedida. Não estou para o rancor. Não estou para a ferida. Sou livre como pássaro. Porém, com a dose de dependência exata de quem precisa de um ninho. Não alinho nem desalinho inteiramente. Sou o que sou. Só não estou.

Ignoro regras e convenções. Deixo-me levar pelo instinto das paixões. Nada de estresse. Busco a benesse das tempestades, das saudades, das calamidades. Transformo pedra em flor. Faço mágica e encantamento. Sou bruxo. A tranquilidade é o meu luxo. Não acredito em risos de transatlântico, tampouco em pranto-dilúvio. Tudo passa. O mundo, a estação, as estrelas, os cantores, eu... todos nós passamos. Agora eu passo sendo o que sou. Só não estou.

Só não estou para aquela visita indesejada, para aquela lembrança atormentada, para aquela pedra no sapato. Sou muito mais sonho do que o fato propriamente dito. Não me importo em ser maldito para todas as línguas e bendito para apenas uma boca. Como veleiro preciso de vento. Como poeta caço, laço, traço sentimento. Não quero e não desquero, apenas desejo. E se o apocalipse realmente vier, que venha num longo, profundo e devastador beijo.


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