Daniel Campos

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01/05/2017 - Senna, a inspiração como legado

Passados 23 anos da morte de Ayrton Senna, ele ainda tem muito a nos inspirar. Considerado um dos melhores pilotos de Fórmula-1 de todos os tempos, trata-se de um exemplo de determinação, de perseverança, de espírito competitivo, de concentração, de coragem, de gratidão, de ousadia, de atitude, de positividade, de confiança em si mesmo, de comprometimento, de conexão com o divino, enfim, de uma série de ingredientes que forjam um campeão. Para ele, não havia corrida perdida, vitória impossível, recordes que não pudessem ser quebrados. Uma de suas frases que me marcou profundamente foi a seguinte “quando acho que cheguei ao ponto máximo, descubro que é possível superá-lo”.

Ayrton não se acomodava, buscava se aperfeiçoar cada vez mais, ampliar suas conquistas, ir além dos próprios sonhos. Espantava-me os níveis de concentração atingido por Ayrton antes das provas, quando ainda era possível vê-lo sem capacete. Ele entrava praticamente em transe, buscando suas energias interiores e também o Todo num equilíbrio, numa composição, numa sintonia que elevavam sua consciência. Não me espanta ler suas declarações sobre conversar ou ter visto Deus. Senna descobriu que para ser um vencedor era necessário alinhar, harmonizar e desenvolver os corpos físico, mental, emocional e espiritual. O especialista em regulagem de carros, aprendeu a se auto-ajustar.

E, ao final de uma vitória, quando pegava aquela bandeira brasileira nas mãos e desfilava com ela com orgulho, agradecia a cada brasileiro que ajudou a empurrar seu carro à vitória. Senna se tornou um especialista em guiar em condições adversas - sob chuva ou com problemas no carro, porque aprendeu a transcender aos limites, a viver fora da zona de conforto, a não ter medo de buscar o melhor sempre, independentemente se as condições são favoráveis ou não. Ele mesmo já comentou que guiar debaixo de chuva era horrível, mas sabia que nessas horas podia fazer a diferença. Em situações de extrema pressão e de obstáculos, tornava-se um gigante. Isso é resiliência, crescer com as dificuldades enfrentadas.

Senna tinha talento, mas fez questão de burilá-lo a cada milionésimo de segundo de sua vida. Fazia questão de agradecer a Deus, à torcida, a equipe. Sabia da força que há em ser grato e também em colocar amor no que faz. Mais do que piloto, Ayrton se sagrou herói, lenda, mito, e deixou um exemplo de fé. Fé em si mesmo. Senna acreditava no seu potencial e investia nele, fazendo exercícios físicos e mentais, trabalhando o autocontrole emocional e insistindo no eterno aprendizado. Por mais que fizesse uma volta perfeita, Senna não se dava por satisfeito. Ele sabia que mais do que qualquer adversário ele tinha que superar a si mesmo.

Tudo isso também lhe rendeu muitas críticas, afinal, todos os que se destacam devem estar prontos para receber marteladas. Muitos diziam que Senna pensava ser Deus. Na verdade, Ayrton conseguiu descobrir como acessar sua centelha divina. Todos carregamos a partícula de Deus em nosso íntimo, no entanto, não sabemos como alcançá-la. Senna tinha defeitos dentro e fora das pistas, porém, justamente por saber disso trilhou uma intensa jornada de enfrentamentos e aprimoramentos. O maior legado de Ayrton Senna, que continua vivo mesmo depois de sua passagem meteórica por este plano físico, é o que ele nos deixou em termos de inspiração para nos tornarmos verdadeiros vencedores.


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