Daniel Campos

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08/08/2009 - Saudade de Marilene nº 3

Pode anotar, saudade é dor que nunca terá cura. É o mal dos tempos. Pior, é o mal dos apaixonados. Como ficar longe da criatura amada sem que altas doses de sofrimento invadam mente e coração? Ao lembrar dos beijos, o vento frio da solidão roça e parte os lábios em mil pedaços. Ao lembrar dos abraços, a vida faz questão de gritar em seus ouvidos que o mundo ao seu redor é um grande deserto. Ao lembrar da amada, os pensamentos entram em curto. Curto-circuito. É isso, a saudade é uma espécie de curto-circuito que danifica o corpo físico, mental e espiritual.

Saudade causa insônia, depressão, arritmia, convulsões, pânico, mal-estar, falta de apetite, boca seca, calafrios e imensos vazios existenciais. E não adianta ir ao médico, ao psicólogo, ao farmacêutico, ao curandeiro, à benzedeira. Saudade é trem que não passa. É caça correndo do caçador. Cartas físicas ou eletrônicas e telefonemas são alguns tratamentos paliativos, mas nada que traga o pronto-estabelecimento do enfermo. Saudade é tiro no peito, ocasionando sangramento doído e constante.

Tenho certeza de que foi o demônio que inventou a saudade, ou melhor, que a saudade é o próprio inferno. Quantas coisas ruins passam pela cabeça durante o período de saudade. Muitas línguas nem se atreveram a traduzir esse sentimento que é uma espécie de despedida. Saudade é um câncer que mata aos poucos e traz conseqüências horríveis para quem o sofre. Quem está longe da criatura amada pode se jogar nos braços da loucura porque saudade é dor que nunca terá cura.

Como pode, Marilene, criatura tão pura, trazer-me dor tão dura?


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