Daniel Campos

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04/12/2010 - Saídas

Não há o que discutir, é preciso sair. Sair do tempo, do firmamento, da pauta, da fragata. Sair da casa, do trabalho, da asa, do atalho, da brasa. Sair da rua, da lua, da nua. Sair da estrofe, da tosse. Sair do passo, do traço, do aço. Sair do mundo, do fundo do poço, da boca da menina, dos olhos do moço. Sair da vida, da estada. Sair do ritmo, do íntimo. Sair do tom, do batom, do tom sobre tom. Sair da cama, da lama, da trama.

Sair. É preciso sair. Sair da novela, da tela. Sair da roupa, da louca. Sair do caminho, do destino. Sair da história, da memória. Sair do prato, do fato, do mato. Sair do rio, do frio, do assovio. Sair da brecha, da mecha. Sair do pranto, do encanto, do canto. Sair do telefonema, do poema, do teorema. Sair da política, do ridículo, da titica, do monociclo. Sair do tédio, do prédio, do médio. Sair da água, da mágoa, da anágua.

Não adianta pedir, é necessário sair. Sair do jardim, do querubim. Sair da marcação, da pensão, do quarteirão. Sair do horário, do itinerário. Sair do circuito, sair do não dito. Sair das garras, dos dentes, das amarras, dos ausentes. Sair do coração, da inquietação, da traição. Sair dos autos, dos fatos, dos boatos. Sair das juras, das perjuras. Sair dos pensamentos, dos alentos, dos proventos. Sair do chão, da escuridão, da procissão.


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